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Relatório da Polícia Civil revela que a facção do PCC já atua em países vizinhos

A facção criminosa  Primeiro Comando da  Capital (PCC) expandiu a sua atuação, com especial interesse ao tráfico de entorpecentes, para mais 14 unidades da federação (13 estados e o Distrito Federal), além de São Paulo, fazendo-se também presente em países como Colômbia, Bolívia e Paraguai.

Sequer cogitada em um passado recente pela cúpula da Secretaria da Segurança Pública paulista, por minimizar a força da facção no próprio Estado de São Paulo, a expansão do PCC agora é constatada em documento sigiloso do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), sob a gestão do atual secretário, Fernando Grella Vieira.

Denominado Relint (sigla de relatório de inteligência) e obtido com exclusividade por A Tribuna, o documento é deste ano  exibe uma completa radiografia da organização, com o seu atual organograma e a menção dos ocupantes dos principais postos de comando, como forma de difundir essas informações ao corpo de policiais civis e propiciar ações repressivas mais eficazes.

Segundo destaca o Relint, o “partido”, conforme os integrantes do PCC a ele se referem, está   presente em São Paulo, Santa Catarina, Rio  de Janeiro, Paraná , Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Ceará, Piauí, Paraíba, Roraima e Distrito Federal.

No cenário internacional, o estudo da inteligência da Polícia Civil paulista detecta a estratégica infiltração na Bolívia e Colômbia, países que são fortes produtores de drogas, e também no Paraguai, país de fácil aquisição de armamento e rota de entrada de entorpecentes e armas no Brasil.

Estrutura empresarial

Sob a bandeira de combater a opressão a detentos, o PCC foi criado em 31 de agosto de 1993, por oito presos que cumpriam suas penas no Piranhão, como é conhecido pela população carcerária o anexo da Casa de Custódia de Taubaté, no Vale do Paraíba. Mas a facção se expandiu e passou a planejar e a controlar crimes, em especial o tráfico.

Com o crescimento, e o equivalente aumento da sua arrecadação em dinheiro, decorrente de mensalidades pagas pelos seus integrantes e de recursos provenientes do comércio de drogas, da locação de armas, de roubos, de sequestros e de outros crimes, o PCC passou a ter um gerenciamento que lembra uma estrutura empresarial.

Essa atuação com nuances de empresa é constatada no relatório do Dipol. O estudo da Polícia Civil detecta, atualmente, uma divisão de tarefas, por meio de dez “sintonias gerais”, para cuidar das estruturas financeira, operacional, jurídica, internacional, de controle de pessoal e de “expansão de poder” do PCC.

As sintonias gerais estão subordinadas a uma espécie de conselho gestor composto por sete membros, reconhecidos dentro do PCC como “sintonias gerais finais”. Estas, por sua vez, prestam contas ao líder máximo da facção, ou sintonia geral do comando, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Preso na Penitenciária II de Presidente Venceslau, supostamente de segurança máxima, Marcola é apontado no Relint como uma pessoa fria, calculista e dotada de inteligência e intelectualidade superiores às dos demais líderes. Com ascendência psicológica sobre os comparsas, supervisiona as sintonias gerais finais e tem poder de veto sobre as decisões inferiores.

Por : Eduardo Velozo Fuccia