A Associação Brasileira de Alumínio (Abal) considera “ruins” as duas alternativas apresentadas pelo governo dos Estados Unidos nas negociações com o Brasil acerca da aplicação dos aumentos de tarifas sobre a importação americana de alumínio. De acordo com a Associação, as duas opções (a sobretaxa de 10% ou a implantação de cotas) acarretam graves prejuízos para a indústria nacional e, na prática, o Brasil deveria escolher a menos pior: uma cota reduzindo em mais de 20% as exportações para o mercado americano ou a aplicação da sobretaxa.
Em comunicado enviado ao Comexdobrasil.com, a Abal destaca que “nesta semana terminaria o período dado pelos Estados Unidos para a negociação. Ocorre que o governo americano adiou sua decisão. Dessa forma, as negociações do governo brasileiro com os EUA continuam para se chegar ao melhor acordo para ambos”.
Na interpretação da Abal, “naquele cenário, que é o que temos até agora, a alternativa de pior impacto são as cotas. E é fácil explicar a razão. Em primeiro lugar, as cotas apresentadas são o que chamamos de “hard quota”, ou seja, uma vez utilizadas, não será possível exportar mais –e não, por exempo, pagar a taxa para o volume adicional que ultrapassar a cota, a chamada “soft quota”. Em segundo lugr, o controle deveria ser feito nos EUA e não temos, até o momento, nenhuma informação sobre quais serão os critérios de aplicação (por produto, total, por importador). E o mais importante é que com um critério desses, e sendo o total da quota estabelecido em volumes muito inferiores ao exportado em 2017, seria impossível desenvolver ou manter os atuais clientes, umavez que as empresas brasileiras teriam de reduzir as exportações substancialmene quando comparadas ao ano passado”.
Nesse cenário nebuloso, a Abal tem uma certeza: “além de trazer uma enorme dificuldade no planejamento das vendas para os EUA, a indústria brasileira já está penalizada com o aumento da competição em mercados fora dos Estados Unidos, sem mencionar o fato de ter de contar com o aumento da oferta mundial dentro do Brasil, de todo o material que iria para a América do Norte, especialmente dos fornecedores da Ásia”.
A íntegra do documento divulgado pela Abal é a seguinte:
Posicionamento ABAL
Nesta semana terminaria o período dado pelos Estados Unidos para a negociação acerca da aplicação dos aumentos de tarifas sobre a importação americana de alumínio. Ocorre que o governo norte-americano adiou a sua decisão. Dessa forma, as negociações do governo brasileiro com os EUA continuam para se chegar ao melhor acordo para ambos. No que diz respeito às opções, até a semana passada o governo norte-americano havia colocado sobre a mesa apenas duas opções: a sobretaxa de 10% ou a implantação de cotas.
No entanto, ambas essas alternativas são ruins para a indústria brasileira, o que significa que, na prática, deveríamos escolher a menos pior: uma cota reduzindo em mais de 20% as exportações do Brasil para os EUA ou a aplicação da sobretaxa.
Naquele cenário – que é o que temos até agora, a alternativa de pior impacto são as cotas. E é fácil de explicar a razão. Em primeiro lugar, as cotas apresentadas são o que chamam de “hard quota”, ou seja, uma vez utilizadas, não será possível exportar mais – e não, por exemplo, pagar a taxa para o volume adicional que ultrapassasse a cota, a chamada “soft quota”.
Em segundo lugar, o controle deveria ser feito nos EUA e não temos, até o momento, nenhuma informação sobre quais serão os critérios de aplicação (por produto, total, por importador).
E o mais importante é que, com um critério desses, e sendo o total da quota estabelecido em volumas muito inferiores ao exportado em 2017, seria impossível desenvolver ou manter os atuais clientes, uma vez que as empresas brasileiras teriam de reduzir as exportações substancialmente quando comparadas ao ano passado.
Durante todo o período da negociação, a própria indústria americana reconhece a ineficácia da aplicação dessas tarifas, sem enfocar a questão do excesso de produção do alumínio mundial. De acordo com a Aluminum Association (a “Abal” dos EUA) na semana passada: “Conforme os Estados Unidos continuam avaliando e implementando o recurso da Seção 232, pedimos que conceda isenções permanentes – sem cotas – para nossos parceiros comerciais de alumínio, que operam como economias de mercado. Também encorajamos a envolver a China para a discussão sobre o excesso estrutural de produção do alumínio no mundo”.
Finalmente, no dia 30 de abril, o governo dos EUA estendeu novamente o prazo. Sem nova data, mas sugerindo um prazo muito curto, de forma a ampliar a discussão com o grupo de países que estavam isentos.
É isso. Não sabemos o que vai acontecer. Além de trazer uma enorme dificuldade no planejamento das vendas para os EUA, a indústria brasileira já está penalizada com o aumento da competição em mercados fora dos Estados Unidos, sem mencionar o fato de ter de contar com o aumento da oferta mundial dentro do Brasil, de todo o material que iria para a América do Norte, especialmente de fornecedores da Ásia.
Fonte: ABAL