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União altera pacote de licitação de áreas portuárias

Em cerca de 30 dias, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai emitir um parecer sobre os primeiros processos licitatórios de áreas portuárias após a promulgação da Lei 12.815, a nova Lei dos Portos. Mas, antes de enviar os textos dessas concessões ao órgão, o Governo Federal fez algumas mudanças nos leilões. Dois lotes do Porto de Santos, o STS 8 e o STS 22, não mais serão licitados e outras instalações foram incluídas no processo.

Segundo consultores portuários, estas não serão as únicas alterações feitas antes do certame, previsto para ocorrer ainda neste ano.

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), responsável pelas licitações, recebeu mais de 3,1 mil manifestações durante o período de consulta pública para o leilão das áreas no complexo santista e em portos paraenses. Algumas delas surtiram efeito e foram atendidas, como o aumento do período de concessão das instalações.

Agora, as áreas serão licitadas por 25 anos, com possibilidade de prorrogação por igual período. Inicialmente, o prazo para arrendamento variava entre dez e 25 anos, dependendo do terreno. E a Taxa Interna de Retorno (TIR) dos investimentos foi fixada em 8%. Rumores de que ela seria de 7,5% irritaram empresários, que apontavam o percentual como um entrave para novos negócios nos portos brasileiros.

Críticas e questionamentos do setor também garantiram que dois lotes do Porto de Santos deixassem de ser licitados. Um deles, o STS 8, contempla uma área de 320 mil metros quadrados, utilizada pela Transpetro, o braço logístico da estatal petrolífera Petrobras, na Alemoa. Nela, são movimentados granéis líquidos.

Com a retirada desse lote da concorrência, um outro problema deixa de existir. Trata-se do impasse em relação à ampliação do Píer da Alemoa, cujo projeto, executado pela Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL), no valor de R$ 9 milhões, será doado à Codesp.

“Esta era uma interrogação, já que ainda há prazo de renovação para a Transpetro e trata-se de uma área que também é explorada pelo Governo. Já era esperada essa supressão, assim como a outra que ocorreu”, afirmou o consultor portuário e ex-presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos Sérgio Aquino.

Área do Terminal de Exportação de Açúcar de Guarujá (Teag) foi um dos lotes retirados da licitação

Área do Terminal de Exportação de Açúcar de Guarujá (Teag) foi um dos lotes retirados da licitação

O outro lote citado pelo consultor é o STS 22, que contempla uma área de 70 mil metros quadrados em Conceiçãozi-nha, na Margem Esquerda (Guarujá) do complexo. Destinada à movimentação de açúcar e outros granéis sólidos, ela é explorada, hoje, pelo Terminal de Exportação de Açúcar de Guarujá (Teag).

“Neste caso, a empresa apontou um erro por parte do Governo, em relação à data de vencimento do contrato, por isso, esta área não poderia ser licitada”, destacou Aquino.

Segundo informações da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária de Santos, o arrendamento do terreno ocupado pela Teag é válido até 7 de julho de 2018. Portanto, ele não pode ser incluído neste pacote de licitações, destinado á áreas com o prazo de concessão vencido ou para terminar nos próximos quatro anos, até 2017.

De acordo com a Secretaria e Portos (SEP), houve ainda a inclusão de novos terminais no processo licitatório. No entanto, eles ainda não foram especificados.

Incógnita

Para Sérgio Aquino, uma terceira alteração foi feita, mas dúvidas pairam sobre ela. O plano original do Governo previa o arrendamento de todos os terminais do Corredor de Exportações, na Ponta da Praia, em Santos, como uma única instalação. Entre essas unidades, estava a operada pela ADM do Brasil.

Mas, há cerca de dez dias, o Palácio do Planalto anunciou que iria renovar o contrato da ADM e licitar apenas as demais áreas do Corredor.

Neste caso, novos estudos e editais têm de ser elaborados, assim como uma nova audiência pública precisa ser realizada, afirmam consultores.

A SEP confirmou que, entre as mudanças no pacote, está a alteração na configuração do terminal de granel sólido no Corredor de Exportação, na Ponta da Praia. No entanto, não disse se um novo estudo foi feito, limitando-se a dizer que a modificação visa a preservação da concorrência.

Mais mudanças

Para especialistas entrevistados por A Tribuna, não estão descartadas mais modificações. “Outras mudanças ainda podem ser feitas quando o TCU entregar o parecer. Mas todo o processo precisará ser refeito. Ainda não considero nada decidido e é grande a possibilidade de que esta licitação não ocorra ainda neste ano, por conta das várias ações que devem ser ingressadas na Justiça”, disse Aquino.

A mesma opinião tem o consultor portuário Marcos Vendramini. Ele acredita que a licitação de áreas do Porto de Santos ocorrerá apenas depois do Carnaval, em março.

Além da supressão de dois lotes, Vendramini aponta a mudança nas exigências e nos objetos de contratos como alterações importantes. “No STS 10, tiraram as cargas de projeto e incluíram a exigência de construção e manutenção de 13,5 metros de cais, no valor de R$ 180 milhões. Também estão querendo congelar e tabelar os preços de infraestrutura e não informam como chegaram a esses valores”, afirmou Vendramini.

Segundo o consultor, ainda faltam critérios a serem explicados, já foram incluídos novos encargos para arrendatários. Sobre a TIR, o consultor garante que a fixação em 8% garantirá melhor rentabilidade e a possibilidade de empréstimos para novos investimentos.

Fonte: A Tribuna