Construir um novo complexo marítimo ou melhorar rapidamente a situação do Porto de Santos. Estas são as duas soluções apontadas pelo Centro Nacional de Navegação (Centronave), após um raio-x dos serviços prestados no cais santista. O estudo revela que, se nada for feito, em oito anos, será necessário um novo empreendimento capaz de absorver a demanda de movimentação de cargas. A entidade ainda prevê um colapso viário na Cidade e a limitação da capacidade operacional do complexo.
Gargalos nos acessos terrestres e aquaviários, excessos de custos na movimentação da carga e ainda burocracia e demora na liberação de mercadorias são alguns dos problemas apontados no levantamento. Segundo o centro, que reúne 24 armadoras em atuação no País, os custos dos atrasos operacionais, ano após ano, somam uma quantia que pode financiar a implantação de um novo terminal de contêineres em Santos.
De acordo com o diretor-executivo do Centronave, Cláudio Loureiro de Souza, o tempo médio de espera para atracação cresceu 160% nos últimos anos. No início deste semestre, embarcações aguardaram até 72 horas para atracar e iniciar operações em Santos.
“Isso é mortal quando se trata da movimentação de contêineres. Além de atrasar a operação e a previsão de chegada das cargas, o armador perde janelas em outros portos”, destacou.
De acordo com a Codesp, a Autoridade Portuária, neste ano, 48,5% dos navios que chegaram ao cais santista atracaram com menos de 24 horas de espera. Outros 15% levaram de um a dois dias para conseguir atracar. Ainda de acordo com o levantamento, 8% das embarcações aguardaram de dois a três dias para concluir a atracação. E 28,5% dos navios levaram mais de três dias para atracar.
As condições do canal de navegação também foram criticadas pela entidade. As restrições de profundidade, já que apenas os trechos 1 e 2 (da entrada do Porto até a Torre Grande) tiveram a profundidade operacional de 13,2 metros homologada, fazem com que as embarcações que se destinam a outras regiões do complexo santista não sejam completamente carregadas. Assim, a capacidade dos navios não pode ser aproveitada totalmente.
Além da largura e da profundidade do canal, o Centronave destacou a necessidade de implantação do sistema de monitoramento e informações de tráfego de navios (VTMIS), que controlará a passagem de embarcações no estuário. A medida visa dar maior segurança à navegação no Porto.
Ainda no topo da lista de reclamações, o Centronave citou aquele que é considerado o maior gargalo do cais santista na atualidade: os acessos terrestres. Além dos acessos rodoviários subdimensionados, as conexões ferroviárias são consideradas insuficientes. Como consequência, observam-se os intensos congestionamentos nos acessos à Cidade e ao complexo santista em várias ocasiões neste ano.
Fonte: A Tribuna