A globalização vem promovendo mudanças radicais no processo produtivo. O tradicional fluxo de bens finais e serviços deu lugar a uma complexa rede global de intercâmbio de produtos intermediários, investimentos e tecnologias. Vislumbrando uma oportunidade de promover um salto econômico, os países em desenvolvimento têm buscado atrair segmentos industriais capazes de agregar valor à pauta de produtos manufaturados e inserir sua indústria nas cadeias globais de valor (GVCs, na sigla em inglês).
Esta forma de organização produtiva já movimenta cerca de US$ 20 trilhões anualmente, cerca de 60% do comércio mundial, concentrados no intercâmbio de bens ou serviços intermediários. A prestação de serviços, aliás, tem participação relevante nas cadeias globais, respondendo 55% do valor agregado das exportações mundiais, informa estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O trabalho mostra ainda que o Brasil está na 22ª posição entre as 25 maiores economias emergentes em grau de inserção nas cadeias globais de valor.
O tema está em discussão no 8º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), na sessão temática Inserção da indústria brasileira nas cadeias globais de valor, que acontece agora em Brasília. Participam da discussão a vice-presidente de Assuntos Governamentais e Políticas Públicas da General Electric, na América Latina, Adriana Machado; o diretor-presidente da 3M do Brasil, José Varela; o presidente do Grupo Farma Brasil, Reginaldo Braga Arcuri; o diretor de Estratégia Corporativa da HP, Hugo Valério; e Lytha Battiston Spindola, da LBS Consultoria. No debate, os participantes discutirão a crescente relevância das cadeias globais de valor no comércio mundial, os benefícios colhidos pelos países mais integrados e a inserção do Brasil nesses arranjos produtivos.
A CNI considera que o Brasil precisa melhorar o ambiente de negócios com uma política favorável à integração da indústria brasileira às cadeias globais de valor, facilitar o comércio exterior e fomentar o investimento em tecnologia, pesquisa e em desenvolvimento. Nos últimos anos, países em desenvolvimento absorveram importantes etapas de produção de grandes multinacionais, o que contribuiu para gerar empregos qualificados, incorporar novas tecnologias e diversificar a pauta de manufaturas.
PRODUTOS BÁSICOS– O Brasil precisa ampliar sua participação nas cadeias globais de valor, especialmente na de produtos e serviços com alto teor tecnológico. Os números da UNCTAD, porém, mostram que mais de 50% dos bens intermediários na pauta de exportação do país são compostos de produtos básicos, como minério de ferro e o complexo soja. A venda de produtos de elevado teor tecnológico para o exterior, como partes e peças de veículos, ainda está limitada ao comércio com a América Latina. Já partes e peças de máquinas, por exemplo, representam apenas pouco mais de 1% do total de bens intermediários.
Fonte: Confederação Nacional da Indústria