Da mesma forma que ocorreu no final do ano passado, a economia brasileira desanimou o mercado ao longo de 2013. A expectativa, segundo indicadores, é de que o quarto trimestre apresente números positivos, na comparação com o período anterior, porém o avanço no acumulado deve ser inferior ao previsto no começo do ano e abaixo do potencial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Somado a isto, pelo menos no primeiro trimestre de 2014, os mesmos indicadores mostram que a economia ainda poderá revelar “dados fracos”.
Um dos indicativos de que haverá uma retomada no quarto trimestre foi o índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central (BC), o IBC-Br de outubro, que após um período de estabilidade voltou a crescer no décimo mês, em 0,77%, ao passar de 145,99 pontos em setembro, na série dessazonalizada, para 147,12 pontos em outubro. O resultado foi o maior desde abril, quando o indicador ficou em 147,14 pontos.
Para corroborar com este cenário revelado pela autoridade monetária, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), em parceria com o The Conference Board (TCB), anunciou que o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE) do Brasil, que mede as condições econômicas atuais, manteve-se quase inalterável em novembro, atingindo a marca de 129,3 pontos (2004=100). O resultado segue-se à alta de 0,4% em outubro e ao recuo de 0,1% em setembro. “Esse número sinaliza que o quarto trimestre foi positivo e que a economia não passa por um período de recessão”, afirmou o economista do FGV / IBRE, Paulo Picchetti.
Para a economista Amanda Aires, autora do livro Economia Brasileira para Concursos (Ed. Elsevier), “2013 não preparou o terreno para 2014”. “As obras de infraestrutura não avançaram como deveriam e se pagou um preço alto para manter a inflação abaixo da meta, de 4,5%, por meio do aumento da taxa de juros [Selic], que está em 10% [ao ano]. E com esse juro, o mercado de crédito não deve viabilizar investimentos”, aponta a especialista.
De acordo com ela, por conta deste cenário, o primeiro semestre de 2014 deve ser ruim, “mas a realização da Copa do Mundo e das eleições” deve ativar a economia no segundo semestre.
Confirmando a previsão de Amanda, o Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) da FGV – que antecipa o resultado da atividade econômica no curto prazo -, divulgado na última sexta-feira, junto com o ICCE, recuou 0,3% em novembro, atingindo a marca de 125,8 pontos (2004=100). O resultado segue-se a uma alta de 0,2% em outubro e 0,6% em setembro. Dois dos oito componentes contribuíram positivamente para o índice de novembro passado.
O economista da FGV/Ibre afirmou ao DCI que os dados esperados para os últimos três meses não devem acontecer no acumulado de janeiro a março do ano que vem.
Para ele, “a ligeira queda do IACE em novembro, depois de três avanços consecutivos” é consistente com “as percepções otimistas, porém cautelosas, de que a recuperação econômica será modesta no restante de 2013 e no início de 2014”.
Entre as oito variáveis utilizadas para elaboração do IACE, apenas duas apresentaram variação positiva: Índice de expectativas das sondagens da Indústria, com alta de 0,05%, e Índice de expectativas das sondagens do Consumidor (ambos da FGV/IBRE), com avanço de 0,14%. “O indicador revela que a indústria não deve apontar resultados negativos como nos meses anteriores”, disse Picchetti.
Analistas
De acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo BC, o mercado esperava, no início do ano, que a economia iria crescer por volta de 3%. No último dia 9, a previsão era de avanço de 2,35%. Em janeiro de 2012, os analistas consultados pela autoridade monetária projetavam alta de 3% para o PIB no acumulado, mas a economia fechou com expansão de 0,9%. Já para 2014, o levantamento aponta estimativa de 2,10%.
Sondagem feita pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), divulgada na semana passada, mostrou que a mediana de expectativas dos 26 analistas entrevistados é de que o PIB suba 2,3% neste ano. E de que a economia em 2014 avance também 2,1%. Para 64% dos economistas consultados – entre 6 e 10 de dezembro -, existe possibilidade de novas revisões para baixo nas perspectivas de crescimento em 2014, com contribuição negativa do setor externo e acomodação dos investimentos e consumo.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria