O excesso de burocracia e tributos, os custos elevados e as deficiências nos acessos terrestres foram os principais problemas dos portos brasileiros apontados por agentes marítimos em pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O resultado foi obtido após a entrevista de 212 profissionais de 15 estados. Os dados foram apresentados em Brasília, no início da tarde desta quarta-feira.
O objetivo do estudo foi fazer um diagnóstico das condições operacionais do transporte marítimo brasileiro. A escolha dos agentes para participar da pesquisa se deve à vivência diária desses profissionais nos complexos portuários.
Os agentes responderam um questionário elaborado com a colaboração das federações nacionais das Agências de Navegação Marítima (Fenamar) e das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário (Fenavega), filiadas à CNT.
A maior parte dos entrevistados está no Porto de Santos, onde foram escolhidos 37 agentes. Em seguida, aparece o Rio de Janeiro, com 23.
Ao responderem as perguntas sobre a qualidade dos serviços oferecidos atualmente nos portos, a maioria, 56,1%, considerou muito grave o excesso de tributação. A lista também tem o volume de tarifas, o elevado custo tarifário e de mão de obra e a deficiência dos acessos terrestres como itens observados como os principais entraves do setor portuário.
Sobre os aspectos operacionais, o espaço destinado à retroárea, onde ficam pátios e armazéns, foi visto como inadequado por 53,3% dos entrevistados. O tempo para embarque e desembarque de mercadorias também foi analisado pelos agentes. 54% observaram a operação como lenta nos terminais públicos de uso geral. Nas instalações públicas de uso privado, 55% viram apenas como inadequado. Já nos terminais privados, 47,1% viram como adequado e a mesma quantidade, como rápido.
A pesquisa também abordou os três tipos de acessos aos portos: o aquaviário, o rodoviário e o ferroviário. A chegada aos complexos pelo mar foi a única opção vista como adequada por 75,5% dos profissionais consultados. Para aqueles que discordam dessa opinião, os problemas são encontrados na profundidade do canal e dos berços, na disponibilidade do berço e na sinalização.
Ao contrário do aquaviário, o rodoviário apresenta deficiências para 61,3% dos agentes. Pontos como travessia por área urbana, engarrafamento de veículos de carga e acesso rodoviário em precário estado de conservação foram destacados.
As ferrovias foram avaliadas como inadequadas por 29,3%. A maioria dos entrevistados, 44,3%, afirmou que elas não existem ou eles não usam esse tipo de acesso.
Custos
Os custos e o desempenho das autoridades nos portos do País também foram analisados. Mais uma vez a Praticagem foi alvo de críticas, já que seus custos foram considerados elevados por 87,3% dos que responderam as questões.
Em contrapartida, a maioria, 65,6%, dos consultados elogiou a qualidade dos serviços prestados pelos práticos, que são os responsáveis pelas manobras dentro dos complexos.
Fonte: A Tribuna