Dólar subiu 2,25% e fechou dia cotado em R$ 3,9233. É o maior nível desde março de 2016. BC vai vender US$ 20 bilhões para segurar o preço da moeda.
Após um dia de forte volatilidade no mercado financeiro, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou nesta quinta-feira (7) que a autoridade monetária vai utilizar todos os instrumentos “necessários” para conter a pressão sobre o câmbio.
Goldfajn convocou entrevista coletiva após o dólar fechar o dia cotado em R$ 3,9233, maior patamar desde 2 de março de 2016.
Ele negou boatos de que poderia deixar o comando do Banco Central. Também rechaçou a possibilidade de aumento da taxa básica de juros, a Selic, para controlar o câmbio.
Ilan Goldfajn reiterou que o regime de câmbio flutuante está mantido e que funcionará como “nossa primeira linha de defesa”. Ele afirmou que o BC dispõe de instrumentos para conter pressões sobre o câmbio e para garantir a liquidez do mercado.
Goldfajn anunciou uma oferta adicional, até o fim da próxima semana, de US$ 20 bilhões em leilões de “swaps cambiais”, que correspondem à venda de dólar no mercado futuro. Este tem sido o principal mecanismo utilizado pelo Banco Central para conter as flutuações da moeda americana.
“Vamos intensificar o uso desse seguro [swaps cambiais] no curto prazo. Iremos oferecer US$ 20 bilhões até o final da semana que vem para prover liquidez, oferecer hedge [seguro] e garantir o bom funcionamento do mercado, sem prejuízo de atuações adicionais, caso necessário”, declarou.
Goldfajn afirmou que a avaliação é de que, até o momento, não há necessidade de uso de outros instrumentos, mas que eles estão disponíveis. Os mecanismos a que ele se refere são as reservas internacionais do Brasil e os chamados “leilões de linha”, que são venda de dólar à vista com compromisso de recompra.
“Não temos nenhum preconceito em usar qualquer instrumento. Aqui, estou me referindo a swaps, reservas ou leilões de linha, dependendo apenas da necessidade. Até hoje, vimos necessidade apenas na parte de swaps”, disse.
O presidente da autoridade monetária não quis comentar a possibilidade de que a disparada do dólar seja resultado de movimento especulativo. Ilan Goldfajn reforçou a avaliação de que a atual volatilidade do mercado é resultado de turbulências no cenário externo.
“Nosso diagnóstico é que está acontecendo um choque externo e que cada país emergente tem seu componente particular”, avaliou. “Eu acredito que o real tem sofrido depreciações como reflexo desse diagnóstico, que é um cenário externo mais difícil”, disse o presidente do BC.
Ilan Goldfajn aproveitou a coletiva para negar boatos de que poderia deixar o comando do Banco Central.
“Eu estou aqui, vou ficar até o final. Estou trabalhando com todo o afinco junto com a equipe. Até o final do governo estamos aqui trabalhando normalmente”, garantiu.
Ele também negou a possibilidade de convocação de uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom) para aumentar a Selic, a taxa básica de juros da economia.
A especulação se baseia no fundamento de que juros maiores poderiam atrair mais investidores para o Brasil.
“Acho que é reflexo do nervosismo do mercado, ninguém nunca falou sobre isso. O Copom se reúne a cada 45 dias, nas reuniões já programadas e essas é que valem”, disse.
A próxima reunião do comitê está marcada para os dias 19 e 20 de junho.
Fonte: G1