Ele participou, na manhã de quinta-feira, de mais uma reunião da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA). Na ocasião, representantes de terminais instalados nesse trecho do cais santista aproveitaram para demonstrar sua insatisfação com o caos constatado no local diariamente. O próximo passo é levar as reivindicações para o presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), Paulo Skaf, na capital.
Tráfego desordenado com filas de caminhões gerando congestionamentos é o principal cenário encontrado pelos que precisam passar todos os dias pela região.
“A Alemoa é o único ponto de entrada do Porto de Santos, que é o maior da América do Sul. Se não tivermos uma possibilidade de uma entrada viável e planejada vamos continuar tendo os problemas”, mencionou o vice-presidente da AMA e diretor executivo da Stolthaven, Mike Sealy.
Para ele, nem mesmo o agendamento de caminhões tem resolvido os entraves, que muitas vezes impossibilitam a ida para São Paulo e fazem empresários optarem por trabalhar em casa boa parte do dia. “Com o estrangulamento que temos mais pra trás, o agendamento não pode ser feito, porque (a carreta) não consegue chegar na hora marcada”, disse Sealy, que também atua como diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL).
O início iminente das operações da Brasil Terminal Portuário (BTP) e questões relacionadas a segurança também foram levantadas pelos empresários durante a reunião. Nem mesmo um buraco na Rua Albert Schweitzer, que dificulta a passagem dos caminhões, foi esquecida pelo participantes.
Entre os envolvidos nos debates estavam representantes da Fassina, S. Magalhães e Ultracargo. “Para onde vai a fila da BTP? Para a Anchieta ou próximo ao Tecondi? Não está planejado”, questionou um dos empresários, que chegou a comentar o interesse da GM (General Motors) em deixar o Porto de Santos e migrar para Paranaguá (PR), Sepetiba (RJ) e Rio Grande (RS), devido as gargalos existentes no complexo. Na Alemoa, a movimentação de veículos é feita na Deicmar.
Coordenador do plano integrado de emergência dos líquidos a granel, Sealy teme a dificuldade de acesso dos bombeiros ao local, em caso de calamidade. “Estamos seriamente preocupados, pois não terão como entrar e sair”, disse. O diretor da Stolthaven também estava insatisfeito com a falta de pátios reguladores para equilibrar o fluxo entre os produtores e recebedores da carga.
“É muito difícil conseguir fazer um tráfego linear. Os produtores não têm infraestrutura para produzir o que estão produzindo, então imediatamente colocam nos caminhões, que não têm onde ficar e vêm pro Porto”, explicou.
Diante do cenário negativo, o plano da Prefeitura é minimizar os impactos a curto prazo, enquanto as obras na entrada da Cidade não são concretizadas. Para isso, conta, principalmente, com o apoio dos empresários. Nesse sentido, os terminais ficaram de enviar para a Seport três informações consideradas fundamentais: o plano logístico do terminal, capacidade estática e quantos veículos as instalações têm capacidade de absorver nos pátios.
Com esses dados e a análise técnica de engenheiros e arquitetos, o projeto poderá sair do papel com ações que incluem a inversão de ruas e a criação de baias de estacionamento nas calçadas. “Não vamos fazer nada sem ouvir os empresários e também devemos chamar os caminhoneiros. É preciso ter todos os atores sentados com o mesmo foco”.