O Brasil conseguiu colocar petróleo no mercado internacional, condição desconhecida até 2006. E a nova posição de exportador requer um aprendizado de novas práticas comerciais, avalia o diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Helder Queiroz.
Segundo Queiroz, o incremento na produção de shale gas (gás de xisto) fez com o que os Estados Unidos diminuíssem sua importação do mercado internacional. Neste cenário, o petróleo do Brasil enfrenta o desafio de concorrer com os fornecedores, agora menos importantes, do mercado norte-americano. E ainda construir o seu próprio mercado para escoar sua produção petróleo.
“Ano passado a gente teve uma exportação líquida de 300 mil barris, isso demonstra que o país já está colocando petróleo no mercado internacional. É um aprendizado novo”, afirmou Queiroz.
O diretor da ANP vai participar do painel Pré-Sal: A Nova Era do Petróleo no Brasil durante o 14º Encontro Internacional de Energia, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Este ano, especialistas, autoridades e empresários vão discutir a segurança energética do País. O evento será realizado nos dias 5 e 6 de agosto, no Hotel Unique, na capital paulista.
Queiroz acredita que parte dos US$ 400 bilhões em investimentos previstos até 2020 sejam destinados principalmente para a indústria naval, embora não tenham especificado nenhum valor. “A retomada da indústria naval talvez seja a face mais visível desse processo”.
Ele reconhece, no entanto, que o país ainda precisa avançar em instalações de infraestrutura e mão de obra qualificada para bancar esse crescimento do mercado energético brasileiro.
“Existem gargalos a serem superados, como a capacitação de recursos humanos, mas a riqueza do pré-sal chegou num momento em que o pais está relativamente maduro”, complementa.
A ANP estima que as reservas recuperáveis no prospecto de Libra devem ficar entre 8 e 12 bilhões de barris. A maior descoberta de petróleo na Bacia de Santos vai ser leiloada em outubro deste ano.
Petróleo x Biocombustível
Queiroz avalia que “ainda falta muito” para o biocombustível brasileiro alcançar uma condição de mercado no cenário internacional como a do petróleo. E a participação do setor sucroalcooleiro no mercado externo vai depender da demanda mundial por combustíveis.
“O etanol e o biodiesel têm uma produção tal que é marginal com a produção mundial de diesel e gasolina. E você tem uma comercialização que ainda é muito bilateral, ou seja, são os dois principais produtores, Brasil e Estados Unidos, que comercializam entre si”, conclui.
Fonte: Agência Indusnet Fiesp