Ao contrário dos embarques, as importações de máquinas, eletrônicos, automóveis e plásticos cresceram 12% no terceiro trimestre. Em contrapartida, a compra de bens de consumo caiu 4,2% no período. Os dados fazem parte do relatório trimestral de comércio internacional da Maersk Line, divulgado nas últimas semanas.
Quedas nas exportações de produtos como metais, minérios, manufaturados, plástico, borracha e algodão são apontadas como os fatores que contribuíram para a redução nas operações com contêineres. Já as exportações de carga seca recuaram 2,7% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, assim como os embarques de carga refrigerada, que caíram 0,8% devido à demanda mais fraca dos Estados Unidos.
Os volumes exportados de aves, suínos e frutas também recuaram, enquanto as exportações de carne bovina aumentaram 17%, graças a uma recuperação na demanda de Hong Kong (China), que aumentou em 89% suas compras, e da Venezuela, que importou 192% a mais no terceiro trimestre.
Para o diretor comercial da Maersk Line no Brasil, Mario Veraldo, os problemas de infraestrutura, que aumentam os gastos com o transporte terrestre, também são responsáveis pela redução do número de embarques. “Transportar um contêiner de Campinas a Santos custa duas vezes mais do que transportá-lo de Santos até algum país da Ásia. O frete marítimo se torna insignificante nessa conta porque as barreiras estão dentro do Brasil”, destacou.
As projeções de aumento de 4% nas operações com con-têineres seguem a tendência de crescimento de 2% no PIB. No entanto, de acordo com Veraldo, o “modesto” desempenho da navegação internacional gera dúvidas em quem atua no setor.
“Nós ficamos nos perguntando se é resultado de um fator macro, como o desempenho da economia mundial, ou se esta redução na projeção é reflexo das deficiências da cadeia logística. Os dois problemas existem e impactam da mesma forma no resultado final”, destacou o executivo.
Soja
O relatório da armadora também mostra um aumento de 461% nos embarques de soja em contêineres no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento pode ser explicado pela necessidade de atendimento a mercados que adquirem a commodity brasileira de forma fracionada.
Para Veraldo, a conteineri-zação de produtos como a soja é um processo que segue em crescimento. Parte disso se deve à maior oferta de capacidade para os embarques de caixas metálicas no Porto de Santos, com a entrada em operação das instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa (Margem Direita), e da Embraport, na Área Continental de Santos (Margem Esquerda).
Além dos dois terminais, a Maersk tem contrato firmado com a Libra Terminais, que opera contêineres na Ponta da Praia, e com a Santos Brasil, que administra o Tecon, em Guarujá (Margem Esquerda). A armadora mantém suas operações com as quatro instalações para “diluir o risco” de um possível colapso nos acessos viários ao cais santista. Se um problema surgir em uma região do complexo, ela pode transferir suas cargas para outro terminal.
“Temos clientes que dizem que sairiam de Santos (devido a esses problemas de acesso), que vale mais a pena percorrer 500 quilômetros para o norte ou para o sul. O que é um contra-senso, já que a infraestrutura de Santos ainda é muito maior”, explicou Mário Veraldo.
Fonte: A Tribuna