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Dólar opera em baixa, mas mercado segue de olho em juros americanos e risco fiscal no Brasil; Ibovespa sobe

No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,64%, cotada a R$ 5,2697. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou com uma queda de 0,75%, aos 124.389 pontos.

O dólar opera em baixa nesta quarta-feira (17), em um movimento de leve correção após uma sequência de altas nos últimos dias, que fizeram a moeda disparar 5,25% em sete dias.

Os principais pontos de atenção dos investidores seguem os mesmos: a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, a piora da percepção de risco fiscal no Brasil e, além disso, a cautela com o conflito no Oriente Médio.

Apesar desses fatores pesarem contra os ativos de risco, o que favorece o dólar e prejudica a bolsa de valores, o mercado opera com certo alívio neste pegão, depois de alguns balanços corporativos nos Estados Unidos entregarem resultados positivos.

Dólar

Às 10h20, o dólar caía 0,38%, cotado a R$ 5,2499. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,64%, cotada em R$ 5,2697, no maior patamar desde 23 de março de 2023, quando fechou a R$ 5,2884.

Com o resultado, acumula altas de:

  • 2,90% na semana;
  • 5,07% no mês; e
  • 8,60% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,60%, aos 125.135 pontos.

Na véspera, encerrou em queda de 0,75%, aos 124.389 pontos, no menor nível desde o último 14 de novembro, quando fechou aos 123.166 pontos.

Com o resultado, acumula quedas de:

1,24% na semana;

2,90% no mês; e

7,30% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

Investidores voltaram a acreditar que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode não reduzir suas taxas de juros de maneira significativa neste ano. Atualmente, os juros nos Estados Unidos estão entre 5,25% e 5,50% ao ano.

Segundo a ferramenta CME FedWatch, que monitora a percepção do mercado sobre os juros americanos, mais da metade dos investidores espera que o primeiro corte nas taxas seja só em setembro. Antes, as expectativas eram de que o ciclo de baixas começasse ainda no primeiro semestre.

Essa percepção veio depois da divulgação de alguns dados fortes. Na segunda, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo aumentaram 0,7% em março, acima do 0,3% projetado por economistas ouvidos pela Reuters. Já os dados de fevereiro foram revisados para alta de 0,9%, em vez do 0,6% informado anteriormente.

Os números fizeram os rendimentos das Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) de dez anos — referência global de investimentos seguros — superarem os 4,60%.

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou na terça-feira que a inflação continua a se mostrar mais forte do que o esperado nos Estados Unidos, o que significa que Fed provavelmente precisará de mais tempo do que pensava para ter certeza de que os preços caminham para a meta de 2%.

Já o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, disse que “será apropriado manter a atual postura restritiva da política monetária por mais tempo” caso a inflação não desacelere como esperado.

“Minha perspectiva básica continua sendo a de que a inflação diminuirá ainda mais, com a taxa básica mantida estável em seu nível atual, e que o mercado de trabalho permanecerá forte, com a demanda e a oferta de trabalho continuando a se reequilibrar”, disse Jefferson em comentários preparados para um discurso em uma conferência de pesquisa do Fed em Washington.

O risco fiscal também continua pesando sobre os mercados. Na segunda-feira (17), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a redução da meta do governo Lula 3, que agora é ter déficit zero em 2025. Na LDO anterior, o projetado era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 e de 1% para 2026.

Conforme apuração do blog do Valdo Cruz, essa mudança na meta significa abrir mais espaço para gastos, diante de uma dificuldade para aumentar receitas no próximo ano. O mercado financeiro não gostou do afrouxamento ainda no segundo ano da existência do novo arcabouço fiscal.

Investidores enxergam a medida como uma derrota da equipe econômica, que havia projetado superávit de 0,25% em 2025.

Também na segunda, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, advertiu que mudar a meta fiscal não é o ideal e que a política monetária precisa andar junto à política fiscal. Em outras palavras, indicou que o patamar de juros no final do ciclo de quedas pode ser reavaliado.

No boletim Focus (relatório que reúne as projeções de economistas) desta semana, as estimativas para a taxa Selic já saíram de 9% para 9,13% em 2024. Juros altos por mais tempo são prejudiciais para a economia porque tornam o acesso ao crédito mais caro e reduzem o consumo.

Além disso, o mercado também segue atento aos desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio. No fim de semana, o Irã lançou um ataque de mísseis e drones contra Israel, após acusarem o governo israelense de atacar a embaixada iraniana na Síria.

Há um esforço diplomático internacional, principalmente dos Estados Unidos e Europa, de conter a escalada das tensões, impedindo que Israel responda ao ataque.

No entanto, o governo israelense prometeu uma retaliação e voltará a se reunir nesta terça para discutir uma resposta. A intenção do governo israelense é realizar uma ofensiva que atinja o território iraniano, mas que não seja forte o suficiente para provocar uma nova guerra no Oriente Médio, segundo fontes do gabinete ouvidos pela agência de notícias Reuters.

O Irã disse, depois do ataque, que tratava a questão como encerrada, mas disse que vai revidar caso haja um novo ataque de Israel.

Neste contexto de incertezas, investidores recorrem a ativos vistos como sendo mais seguros para proteger seu patrimônio. Assim, o dólar ganha vantagem sobre outras moedas, principalmente as de países emergentes, como o Brasil.

Fonte: G1 Economia