Empresários e representantes do agronegócio defenderam a viabilização do corredor de exportação de grãos como solução para destravar os gargalos de infraestrutura que o Brasil enfrenta. Em seminário promovido pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, realizado na última sexta-feira (29) na cidade de Santana, no Amapá, representantes do setor produtivo brasileiro destacaram a importância do porto de Santana (AP) como local estratégico para o escoamento da produção da região Centro-Oeste.
De acordo com Edival Cabral Tork, presidente da Companhia das Docas de Santana, empresa que administra o Porto de Santana, a construção do corredor de exportação de grãos é a solução para o escoamento do que é produzido na região Centro-Oeste, em particular, no estado de Mato Grosso.
Esse corredor vai permitir que o transporte das cargas não passe pelos portos da região Sudeste, que já estão bastante congestionados. “Vamos utilizar o modelo intermodal, ou seja, quando há duas ou mais formas diferentes de transportes, oferecendo mais opções para a produção sair pelo Norte e, principalmente, pelo Amapá”.
A ideia do corredor é que a produção passe pela BR 163 e siga, via rodovia, até Itaituba, no Pará, e do Porto de Itaituba utilize a hidrovia do rio Tapajós até o Porto de Santana. Tork acredita que, com a conclusão de parte das obras de pavimentação e duplicação da BR-163, no sentido Mato Grosso-Pará, esse corredor estará em funcionamento já em 2014.
Logística
Para Luiz Sérgio Santos, diretor do Grupo Sementes Carolina, é importante atender às demandas logísticas das safras agrícolas para aumentar a rentabilidade do produtor. Segundo ele, se viabilizado, o corredor de exportação de grãos pode reduzir o custo da produção de soja em até 35%. “O grande problema hoje do agronegócio é o custo de logística. O custo para levar nossos produtos até os portos brasileiros está muito alto, o que faz com que percamos competitividade no mercado internacional”.
De acordo com Charles Chelala, secretário de Governança da Prefeitura de Macapá, além de diminuir os custos de logística, o novo corredor de exportação de grãos pode ter um reduzido impacto ambiental já que o trajeto de escoamento não será apenas por rodovias, o que significa menos emissão de gás carbônico. “Você vai tirar de 800 a mil carretas por barcaça que faz esse caminho.”
Para João Affonso Dêntice, coordenador geral de obras da Secretaria dos Portos, com a nova lei dos portos, a movimentação das cargas vai aumentar bastante, por isso é necessário investir em logística. “Ficamos 30 anos sem investir em hidrovias. Elas ficaram abandonadas, esquecidas. Por isso, temos que deixar de pensar em porto isolado. Não basta investir em portos, se não há maneiras de se chegar até eles”. Além do investimento em logística, Dêntice afirmou que só no ano que vem o governo pretende investir mais de R$ 72 milhões na modernização e ampliação nos portos da região Norte.
Competitividade
Não é só o agronegócio que está preocupado com os gargalos de infraestrutura brasileira. Segundo Matheus Braga Castro, estradas mal conservadas e portos ineficientes afetam a indústria e sua capacidade de se integrar às cadeias globais de produção. Para ele, “a indústria moderna necessita de sistemas integrados de transportes e sistemas logísticos eficientes”.
Segundo Castro, o corredor de exportação vai permitir que a produção brasileira tenha mais competitividade no mercado internacional, uma vez que “o Porto de Santana é estratégico devido a sua localização privilegiada, o chamada Arco Norte, uma região muito dinâmica e muito promissora para o transporte atualmente e a médio prazo”.
A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que organizou o seminário, acredita que a nova lei dos portos e o corredor de exportação de grãos vão fortalecer a vocação portuária do Amapá. Segundo ela, haverá benefícios para toda população, com geração de renda e emprego. “Assim que estiver consolidada a exportação pelo Porto de Santana, vamos ter centenas e milhares de empregos diretos e indiretos. É uma aposta concreta na melhoria da vida da nossa gente, com um grande impacto econômico e social”.
Fonte: Agência da Câmara