Com o atual cenário das exportações brasileiras que, neste ano até abril, estão 4,1% (US$ 71,468 bilhões) menores do que no mesmo período do ano passado, e a cotação do dólar em patamar considerado baixo pelos exportadores, empresários apontam que se deve começar a discutir o surgimento de um dólar para o setor semelhante ao que já acontece com o turismo.
Pesquisa realizada pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (Abracex) mostra que de 397 empresas consultadas, 83% consideram que essa é uma boa medida para melhorar o desempenho cambial do exportador.
“Para o exportador, ele ficaria satisfeito com um câmbio de R$ 2,50 por dólar, o ideal seria de R$ 3, mas esses patamares afetam a inflação e as importações [ao deixar as compras externas mais caras, necessárias para abastecer a demanda crescente no País, os custos são repassados e os preços sobem]. Desta forma, a solução seria um câmbio só para exportação. E esse seria um ótimo momento para tomar essas medidas”, afirma o presidente da Abracex, Roberto Segatto.
De qualquer forma, 100% dos consultados consideram que medidas, não somente cambiais, deveria ser tomadas imediatamente. Os entrevistados citaram, em primeiro lugar, a redução da carga tributária sobre a produção como uma medida para auxiliar o exportador. “Quanto menor a carga, mais produção”, avaliou Segatto. Em seguida vem a sugestão de implementar políticas para acelerar o investimento em máquinas e equipamentos.
“Precisamos do reaparelhamento do parque industrial, que tem em média 20 anos. O governo precisa facilitar as importações de máquinas e equipamentos. O que estamos conseguindo hoje [para a balança comercial] é o fruto de investimentos que foram feitos nas décadas de 60, 70 e 80. Mas vejo o governo adormecido com relação à indústria. Não adianta só exportar produtos primários, precisamos melhorar nossa pauta com produto manufaturados e a indústria que faz isso”, entende Segatto.
A maioria dos empresários (93%) aponta que o gasto de divisas com o reaparelhamento para melhorar a produção e a produtividade seria oportuno, agora.
Em terceiro lugar, os entrevistados citaram os financiamentos subsidiados e, por último, política de atração de investimentos no país, principalmente em infraestrutura em portos, aeroportos e hidrovias pelo País.
Em outra pesquisa realizada pela Abracex, com 312 empresas consultadas, a carga tributária e o reaparelhamento do parque industrial voltaram a ser mencionados como as prioridades de investimentos. Só que, neste levantamento, os recursos para infraestrutura foram destacados.
“Até tem se noticiado bastante a discussão de melhorar o desempenho dos portos, mas a MP [Medida Provisória 595] que era para ser concluída em abril passou para setembro. Além disso, preocupa a maior liberação de empréstimos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para as grandes empresas. O banco deveria só se dedicar as pequenas e médias, em algo que é mais produtivo”, analisa o presidente da Abracex.
Mais sugestões
O levantamento sobre como melhorar o desempenho cambial da associação revelou ainda que 93% dos entrevistados acreditam que facilitar as remessas ao exterior para pessoas jurídicas e físicas, ajudaria a melhorar a valorização do real frente ao dólar.
Além disso, a pesquisa mostrou que 100% dos consultados pela Abracex afirmam que poderia ser implantada uma política industrial voltada a exportação e uma especificamente voltada para as vendas do agronegócio.
“Com essas medidas, vamos ser mais produtivos, podemos exportar mais, gerar mais emprego e aumentar nossa balança comercial”, entende Segatto.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no acumulado do ano até a primeira semana de maio, o saldo da balança comercial está deficitário em US$ 5,741 bilhões. A previsão do mercado, segundo relatório Focus do Banco Central (BC) é que a balança feche o ano com superávit de US$ 10 bilhões.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria