O pedido apresentado pelo Secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, ao ministro brasileiro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, para que o Brasil reduza a influência e dependência da China é uma iniciativa “absurda” e “insustentável”, especialmente se tiver um fundo de “chantagem”.
As declarações foram prestadas por Michelle Fernandes, especialista em Comércio Exterior e diretora da M2Trade Exportação e Importação, ao comentar informações prestadas pelo representante do governo americano durante sua visita ao Brasil no início desta semana.
Em reunião com o ministro Silva e Luna, James Mattis afirmou que os Estados Unidos consideram importante que o Brasil não dependa “tecnológica ou economicamente” de países “não alinhados democraticamente”, numa clara referência à crescente presença da China como parceiro econômico e comercial de toda a America Latina e em especial do Brasil.
Segundo o general Luna e Silva, “no começo de nossa conversa, o Secretário Mattis falou da importância na escolha de parcerias, citando o fato de que há algumas formas de perdas de soberania. Disse também que uma delas é criando a dependência tecnológica e até uma dependência econômica com países que não têm um alinhamento com a nossa forma democrática de proceder”.
Michelle Fernandes considerou “absurdo” o pedido apresentado pelo Secretário americano de Defesa e lembrou que “a China é o principal comprador de commodities brasileiras e é também um grande investidor no Brasil”. Ela afirmou que pedidos dessa natureza “estão totalmente na contramão do resto do mundo. Os Estados Unidos estão querendo conquistar aliados para ficarem mais fortes e impor suas regras. Em minha opinião, o Brasil não deveria comprar essa briga junto com os EUA, leia-se Donald Trump. Com iniciativas dessa natureza, o presidente Trump está querendo formar um verdadeiro “clube da Luluzinha” para ter mais força na Organização Mundial do Comércio e ficar mais forte diante da China”.
A executiva da M2Trade disse ainda que “por questões de interesse dos Estados Unidos, o Brasil não deveria tomar partido (na guerra comercial lançada por Washington contra a China) e seguir esse caminho. A China é um grande parceiro comercial do Brasil, na verdade, é o maior parceiro tanto para as exportações quanto para as importações brasileiras. O Brasil deve analisar a situação com cautela e avaliar, principalmente, os números da balança comercial”. E finalizou com um recado: “os EUA que resolvam seus problemas comerciais”.
Fonte: Comex do Brasil