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Estado quer reduzir horário para trens de carga na Capital

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta quinta-feira que vai notificar a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a MRS Logística para que os trens de carga passem a circular nos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) apenas no período da noite. “Vou notificar a ANTT e a MRS para diminuir a zero o trem de carga durante o dia, porque é totalmente inadequada a convivência do trem de carga com o de passageiros”, frisou.

A decisão pode impactar diretamente nas operações do Porto de Santos, principal destino das composições férreas que passam pela região metropolitana paulistana. A redução do horário para o tráfego dos trens de carga pela malha da CPTM diminuiria a capacidade de transporte do próprio sistema ferroviário que atende os terminais do cais santista.

Com a menor participação dos trens, o Porto dependeria ainda mais do modal rodoviário para receber sua crescente movimentação de mercadorias – uma solução que tem se mostrado cada vez mais catastrófica, diante da insuficiente infraestrutura de acesso rodoviário ao cais e os consequentes congestionamentos verificados nessas vias nos últimos anos, durante o escoamento da safra agrícola até o complexo.

O anúncio do governador ocorre um dia após um trem de carga da MRS ter descarrilado e batido em uma composição de passageiros próximo à estação Franco da Rocha, da linha 7- Rubi da CPTM, empresa responsável pelo transporte de passageiros na Região Metropolitana de São Paulo.

Segundo Geraldo Alckmin, o compartilhamento de trilhos no horário em que os passageiros estão sendo transportados é sempre um risco e, por isso, ele espera que a ANTT e a MRS encontrem uma solução para o problema. “É uma guerra permanente”, desabafou.

Alckmin disse que o convênio para o compartilhamento dos trilhos da CPTM com o transporte de carga, que é administrado pelo Governo Federal, termina em 2016. E garantiu: “Encerrando o convênio, não queremos mais o trem de carga circulando dentro de São Paulo. Estamos sempre alertando o Governo Federal sobre isso”.

Na avaliação do governador, as autoridades federais precisam criar uma alternativa para essa questão. “Se você for agora na Estação da Luz, está passando um trem de carga. E o acidente de ontem (quarta-feira, em Franco da Rocha), graças a Deus não foi mais grave. Imagine se o descarrilamento fosse no começo da composição nossa de passageiros. Por isso é preciso tomar as providências para utilizar só o (período) noturno, chamado de deserto, quando não tem o trem de passageiros”, emendou.

Segundo Geraldo Alckmin, dos 75 trens de carga que passam todos os dias pelos trilhos da CPTM em São Paulo, cerca de 25, ou 1/3, circulam de dia, junto com os trens de passageiros. “O transporte de carga é importantíssimo, precisa ser estimulado, mas não pode mais conviver (com o de passageiros). Transportávamos por dia, há 15 anos, 650 mil passageiros pela CPTM. Hoje transportamos 2,8 milhões/dia e vamos chegar rapidamente a 3 milhões passageiros/dia. E é sempre um risco (se continuar o compartilhamento com o trem de carga)”.

Convênio

De acordo com governo paulista, o convênio com a união para o compartilhamento dos trilhos foi firmado em 1992, ano de fundação da CPTM. Desde esse período, as vias dos trens metropolitanos são compartilhadas com os trens de carga.

Os trens cargueiros podem circular na CPTM em duas janelas de menor movimento: das 10 às 15 horas e das 22 às 3 horas. A única linha em que eles não circulam é a 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú).

O Estado informou ainda que a CPTM está modernizando seu sistema e reduzirá ainda mais os intervalos entre os trens, o que inviabilizará, num futuro muito próximo, o compartilhamento das vias. “Por isso, a implantação do Ferroanel é urgente e inadiável”, disse.

O Ferroanel, o anel ferroviário a ser implantado ao redor da Região Metropolitana de São Paulo, criará um caminho alternativo para os trens que trafegam entre o Interior do Estado e o Porto de Santos, sem passar pela área urbana paulistana. Em debate há 11 anos, desde o início do Governo Lula, o empreendimento deve ter suas obras iniciadas nos próximos meses.

Alckmin aproveitou para alfinetar o Governo Federal, destacando que o projeto do Ferroanel e o do Rodoanel – o Anel Rodoviário de São Paulo, em construção –começaram juntos, mas tiveram destinos completamente opostos. “O Rodoanel, que depende do Estado (São Paulo), está pronto, com (os trechos) Oeste e o Sul. O (trecho) Leste vai ficar pronto no primeiro semestre do ano que vem e o Norte já possui seis frentes de trabalho simultâneas. E o Ferroanel nunca começou”, disse o governador.

Fonte: A Tribuna