PORTOS & CIA.
21 anos
Neste mês, completa a coluna 21 anos de existência, uma das mais antigas do setor econômico, e sempre com a bandeira da modernização dos portos, iniciada pela Lei nº 8.630/1993, que ajudou a implantar. Já naquele primeiro número reclamava “a cessão de prazos longos para áreas nos portos destinadas aos terminais privados”. Lamentavelmente, essa liberalização/privatização do sistema portuário propiciou a entrada da barganha política e a consequente corrupção na rede. A propósito, o presidente Temer prestaria bom serviço ao País se desfizesse a nefasta barganha/distribuição do controle das administrações/Cias. Docas que realizou em 2015, como líder do PMDB (juntamente com o ex-deputado Eduardo Cunha), para parlamentares do partido.
Crivella
Em busca de mais recursos para melhorar a precária economia/finanças da capital e do próprio Estado do Rio de Janeiro, o prefeito-bispo Marcelo Crivella, no princípio do mês, esteve em Pequim. Os chineses, que já têm mais de US$ 100 bilhões investidos no Brasil, dispõem de projetos para aplicar R$ 32 bilhões no Rio, orientados, principalmente, pelo China Development Bank e State Grid Brazil, com sedes na cidade. Em setembro, iniciou-se a instalação em Paracambi-RJ da estação de transmissão da energia da usina de Belo Monte-PA para o Estado, em linha de 2.518 km, criando ao todo 16 mil empregos, com financiamento da State, e que, no Rio de Janeiro, terá aplicação de R$ 2,4 bilhões. Ainda bem que os chineses, sem o menor preconceito político ou religioso, com dinheiro e boa vontade, continuam, não só como maiores parceiros comerciais, mas, também, principais investidores no País.
Novos navios
Campeã absoluta de invenções no setor naval (barcos, velas, leme, cartas marítimas e muitas outras), a China está lançando dois tipos de navios, com novas tecnologias, que interessam de perto ao Brasil. O primeiro maior cargueiro de minério – com 362 m de comprimento (3 campos de futebol), 65 m de largura e 30 m de profundidade – dispõe de novo tipo de motor que economiza 18,8% de combustível e aumenta a velocidade. Será utilizado no transporte de minérios da Vale. O outro, em final de construção no estaleiro Fujian Mawei Shipbuilding Ltd., será o primeiro navio para pesquisa e exploração de minério a grandes profundidades (2,5 mil m), com 227 m de comprimento. Poderá transportar 40 mil toneladas de minério e entrará em operação em 2018.
Dragagem
Evidentemente que, para não onerar a exportação reduzindo a competitividade dos produtos no mercado externo, os países industrializados/desenvolvidos incluem a necessária dragagem dos portos sob responsabilidade do Estado. No porto de Los Angeles, as tarefas administrativas correm por conta do município e, no de Nova York, o trabalho de dragagem é feito pelo próprio exército federal (U.S. Army). Assim, o grupo de trabalho, agora criado no Ministério dos Transportes, teria uma das duas soluções para “copiar o que dá certo no exterior”, sem mais despesas para os empresários exportadores. A primeira seria criar o tal consórcio para tratar das dragagens, mas com todas as despesas pagas pelo governo. A outra, organizar comissão empresarial/autoridade competente para fiscalizar eficientemente esse claro serviço público, não só em Santos, mas também nos demais portos brasileiros.
Jabuticabeira
Entre nós, costumou-se chamar de jabuticaba – essa saborosa fruta só existente no Brasil – as criações e medidas somente aqui estabelecidas. Assim, são duas novidades cogitadas para o sistema portuário: a privatização da gestão/Cia. Docas e a criação de consórcio para o serviço público das dragagens a ser pago pelos exportadores. Nos grandes portos de Roterdã, Los Angeles, Hamburgo, Antuérpia e outros, as respectivas administrações, iniciadas por empresas privadas, em reivindicação dos próprios empresários, passaram para o controle do Estado. O curioso no caso da dragagem – jabuticaba – é que duas categorias empresariais (operadores e industriais) estão querendo que outra, os exportadores, pague por esse serviço público.
Fonte: Aduaneiras