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Problema da Argentina com o câmbio preocupa os brasileiros

A desvalorização de 22,29% do peso argentino no câmbio oficial neste mês de janeiro entrou no radar de preocupações das principais economias emergentes e dos sócios comerciais do país, como o Brasil.

Só nos cinco dias de pregão da última semana, a moeda argentina registrou perda de 17,17% de seu valor perante o dólar e despertou temores de contágio – risco minimizado por alguns analistas e exaltado por outros. Especialistas, no entanto, afirmam que na relação comercial entre Argentina e Brasil a variável mais importante é o crescimento da economia e não o comportamento do câmbio no país.

“O mais importante é ver o que vai acontecer com o PIB, se haverá recessão ou se ele pode crescer, pelo menos 0,5%, que é a projeção mais otimista”, disse o economista Maurício Claveri, da consultoria Abeceb, sobre a economia argentina. Ele explicou que uma recessão no país implicaria menores compras internas e externas, com o agravante de que o excedente de produtos nacionais não absorvidos pelo consumo doméstico seria despejado em outros mercados, especialmente no dos vizinhos. “A redução do mercado interno é o que vai determinar se a turbulência argentina vai afetar o Brasil”, disse.

A corrente de comércio entre os dois países cresceu 4,7% em 2013 (US$ 36,079 bilhões) na comparação com 2012, ano de maior aperto das barreiras comerciais determinadas pelas Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAIs), exigidas para importação de qualquer produto na Argentina. No ano passado, o superávit do Brasil com a Argentina somou US$ 3,153 bilhões, mais que o dobro de 2012, o que ampliou em 102,8% o déficit argentino com o Brasil nessa base de comparação, segundo análise da Abeceb.

A lógica indicaria que uma desvalorização do peso daria aos exportadores argentinos uma vantagem competitiva em relação aos seus parceiros comerciais. Porém, a situação da Argentina não é tão simples assim. Qualquer aumento do dólar no país é repassado imediatamente aos preços. Desde a última sexta-feira, as consultorias privadas apontam aumentos de 10% a 15% nos preços da economia real. Há ainda o efeito da moeda em itens fabricados com insumos, peças e partes importados, cuja comercialização está praticamente paralisada à espera de uma acomodação do mercado. É o caso dos automóveis e de eletroeletrônicos que estão “sem preço”.

Assim, num cenário em que a desvalorização é imediatamente repassada aos preços, é muito pequena a competitividade que o peso argentino adquiriu nos últimos dias. Estudo da Abeceb sobre a cotação de câmbio real multilateral da Argentina em relação ao Brasil, Estados Unidos e Europa, em janeiro, mostrou que, com o salto do câmbio nominal, o câmbio real chegou a 2,07, em um nível equivalente a 2010/2011.

O presidente da Câmara Argentina de Exportadores (Cera), Enrique Mantilla, disse que o impacto da desvalorização do peso e das medidas oficiais na Argentina só poderá ser avaliado dentro de três ou quatro meses.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria