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Setor químico caminha para atingir maior déficit da história

O setor químico brasileiro caminha para registrar, em 2013, déficit na balança comercial acima de US$ 30 bilhões, o maior da série histórica produzida pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), desde 1991. Apesar do aumento da demanda interna por produtos químicos ser cada vez mais atendido por importações, a associação já descarta a implantação do regime tributário especial de estímulo ao investimento no setor ainda em 2013, devido ao aperto fiscal do governo para combate à inflação.

“Com certeza absoluta [o déficit] será acima de US$ 30 bilhões. Não há nenhuma chance de reverter”, afirma o presidente executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo. “Temos a expectativa de que a produção brasileira vá crescer nos próximos meses, em função da desoneração das matérias-primas petroquímicas, o que melhora muito a competitividade da indústria brasileira, mas não há mais possibilidade de reverter”, acredita o executivo.

Segundo Figueiredo, a valorização do dólar frente ao real, de 11,5% ao longo de 2013, ajuda, mas não contém o aprofundamento do déficit. “O dólar a R$ 2,20 é melhor do que a R$ 2, não há dúvida, mas o dólar correto teria que ser R$ 2,40 para compensar o dumping cambial praticado por China e Coreia”, sugere.

O presidente da Abiquim adiantou que em julho deve haver redução de 2% nas importações, ante junho, fruto da desoneração e do câmbio, mas que a mudança não é significativa. Ainda assim, Figueiredo acredita que deve haver uma retomada da utilização da capacidade local, dos 84% registrados em maio, para cerca de 90% até o fim do ano. “Sou um otimista”, admite.

Regime especial

Apesar do cenário preocupante para a competitividade da indústria química local, o representante do setor não considera mais possível o cumprimento da meta, estabelecida nas Agendas Estratégicas Setoriais do governo em abril, de implantação, até agosto, do Regime Especial de Incentivo ao Investimento na Indústria Química (Repequim).

“A desoneração para investimento e para inovação, eu realmente não acredito que saia mais este ano”, afirma. “Estamos vendo a questão das contas públicas, o governo está muito preocupado com isso, no combate à inflação, então acredito que, pelo menos temporariamente, foram paralisadas as desonerações”, diz.

Quanto à declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na última segunda-feira (29), de que “não acha provável” reduzir o preço do gás natural para a indústria ainda em 2013, contrariando outra meta das Agendas, o executivo lamentou. “Nos produtos à base de gás, as fábricas estão operando com elevada capacidade ociosa e os produtos estão sendo importados. Então, se isso [o barateamento do gás] realmente não acontecer, vamos continuar importando”, afirma.

Para Figueiredo, o barateamento das matérias-primas, como gás, e a desoneração do investimento são pontos fundamentais para, além da retomada de utilização da capacidade, a indústria voltar a investir no País. A petroquímica Braskem já declarou que fazer investimentos em novas fábricas está até 40% mais barato nos Estados Unidos do que no Brasil, devido à abundância de gás de xisto naquele país. O presidente da Abiquim calcula a vantagem dos EUA em 10%, mas afirma que o mercado interno brasileiro justifica aportes locais.

Balança

No primeiro semestre, o déficit acumulado da balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 14,9 bilhões. Nos 12 meses de julho de 2012 a junho de 2013, a diferença entre importações e exportações chega a US$ 31,1 bilhões, já um recorde. Em 2012, o déficit foi de US$ 28,1 bilhões.

As importações do setor químico nos primeiros seis meses do ano atingiram US$ 22 bilhões, crescimento de 13,4% em relação a igual período de 2012. O valor representa 18,7% de todas as importações brasileiras no semestre, que somaram US$ 117,5 bilhões. As vendas externas no período somaram US$ 7 bilhões, queda de 5,1% em relação ao ano anterior. O número representa 6,1% das exportações nacionais, que somaram R$ 114,5 bilhões.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria