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Sobretaxa dos EUA e política agressiva da China preocupam indústria brasileira do alumínio

Expira nesta terça-feira (01) o prazo de negociação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos visando isentar definitivamente o Brasil das sobretaxas impostas às exportações de aço e alumínio, respectivamente de 25% e 10%. As negociações entre os dois governos vêm sendo acompanhadas atentamente pelas indústrias  dos dois  setores e em especial pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal), que atua como foro comum para a discussão dos assuntos pertinentes à indústria do alumínio no país.

Segundo o presidente-executivo da Abal, Milton Rego, “caso  se confirme a sobretaxa ou até mesmo a imposição de quotas às importações de alumínio, o Brasil se encontrará numa situação ainda mais delicada, pois a indústria brasileira fica menos competitiva para vender no seu principal mercado, os Estados Unidos”.

Mas, na avaliação de Milton Rego, no caso específico do alumínio, à tarifa imposta pelos Estados Unidos soma-se outra questão ainda mais complexa: o alumínio de outros países (e da China em especial) então destinado ao mercado americano, e que teve uma taxação adicional, vai procurar outros mercados consumidores. Com isso, a indústria brasileira terá mais competição para exportar e, finalmente, maior competição também no mercado doméstico com um provável desvio de comércio.

De acordo com o presidente-executivo da Abal,  “uma das principais causas do declínio na indústria de alumínio americana nos últimos dez anos é o rápido aumento da produção na China. A superprodução chinesa reduziu os preços globais do alumínio e inundou os mercados mundiais. As políticas industriais da China incentivam o desenvolvimento e a dominação de toda a cadeia de produção de alumínio”.

Agressividade chinesa

Milton Rego revela uma visão crítica das políticas implementadas pela China tanto no plano doméstico como nas ações de comércio exterior, que contribuem para distorções no comércio internacional do insumo.

Segundo ele, “as políticas adotadas pelo governo de Pequim destinam-se ainda a estimular a exportação de alumínio processado em folhas, chapas, perfis e outros produtos semiacabados visando o desenvolvimento de setores de produtos cada vez mais sofisticados e de alto valor, como o setor automotivo e aeroespacial. A China impõe um imposto especial ​sobre a exportação do metal alumínio sem ser processado​que desincentiva a exportação de alumínio primário. Além disso, fornece descontos fiscais sobre as exportações de produtos de alumínio semiacabados ou acabados”.

Milton Rego destaca que foi com esse pano de fundo que os Estados Unidos resolveram, unilateralmene, taxar todas as importações e não apenas os produtos chineses: “como os EUA são o maior importador, isso deverá desestabilizar o comércio mundial, trazendo volatilidade nesse mercado. Esse aumento de tarifas irá fazer com que os países exportadores para os USA busquem outros mercados aumentando a concorrência nos mercados exportadores do Brasil. Além disso irá aumentar a pressão para exportar para o Brasil.

Para o presidente-executivo da Abal, à medida que as importações aumentem ao longo da cadeia em produtos de maior valor agregado, as empresas serão cada vez mais impactadas. Nesse contexto, adianta, “caso comece a “sobrar” alumínio chinês no mercado, uma vez que os americanos reduzam sua demanda, o maior produtor mundial (a China) passará a fortalecer sua entrada em outros países consumidores, como o Brasil. Então, a nossa situação ficará ainda mais difícil com a acirrada competição chinesa. Neste cenário, é urgente que o Brasil reforce o monitoramento das importações de alumínio e aumente a competitividade das exportações brasileiras’.

Cenário de incertezas

Num cenário de tantas e tão profundas incertezas, Milton Rego não se arrisca a fazer um prognóstico sobre as exportações brasileiras de alumínio em 2018. Segundo ele, “as vendas externas vão depender do desfecho dessas negociações. Não só em relação a Brasil e Estados Unidos, mas também em relação aos outros produtores e o mercado americano. Essas negociações têm se pautado por uma total imprevisibilidade, o que torna muito difícil qualquer prognóstico sobre as exportações do setor”.

Enquanto aguarda pelo desfecho das negociações entre Brasília e Washington, a indústria do alumínio acabou de realizar, juntamente com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), um planejamento estratégico chamado de Rota Estratégica da Cadeia Brasileira do Alumínio 2030 (aqui você pode conhecer todo o estudo: http://abal.org.br/roadmap/sobre-o-roadmap/ ) visando, entre outras coisas, elaborar políticas e diretrizes de ação a serem implementadas para enfrentar as questões ligadas ao mercado interno e ao comércio exterior do alumínio.

Em breve comentário sobre as expectativas do setor em relação às próximas eleições presidenciais, Milton Rego  sublinha que “a indústria do alumínio é estratégica e com enorme potencial do ponto de vista de uso e sustentabilidade para vários setores muito dinâmicos da nossa economia, como transportes, infraestrutura, embalagens e energia, por exemplo. Sendo assim, entendemos que, seja qual for o presidente eleito, ele deverá se preocupar com a competitividade dessa indústria”.

Fonte: Comex do Brasil